Desafios da época de transição Águas-Seca

A produção de bovinos de corte no Brasil ainda é predominante baseada em sistemas de pastagens. Com isso, os produtores precisam lidar com a variação no desempenho dos animais no decorrer do ano tendo em vista que a produção está sujeita às variações da forragem bem como aos aspectos climáticos aos quais elas estão submetidas. Um exemplo disso é o período que se aproxima da transição entre as águas e a seca, quando garantir a manutenção da produtividade no sistema de pastagem se torna um desafio.
Sendo assim, para adotar estratégias durante esse período e evitar perdas produtivas, é importante lembrar que existem alguns fatores relacionados às condições ambientais nesse período, como umidade, temperatura e radiação solar que influenciam na qualidade e na produtividade da área de pastejo.
1- Umidade
A água transporta nutrientes para a planta, mantém a turgidez dos tecidos e regula sua temperatura, tornando a expansão das folhagens um dos processos mais sensíveis à falta de água. Durante o outono, o cenário que precisamos lidar é o início da redução das chuvas torrenciais e da umidade, o que dificulta o crescimento e produção das forrageiras.
Um ponto importante que precisamos ressaltar é que o comportamento da forragem em situação de déficit hídrico dependerá do seu estágio de desenvolvimento (nascimento, crescimento, reprodução ou senescência), da espécie cultivada e da severidade da duração da restrição hídrica.
2- Temperatura
A temperatura é um ponto crucial para a sobrevivência e produtividade das forrageiras, pois temperaturas ótimas são essenciais para maximizar a fotossíntese e garantir o desempenho da planta.
Um ponto importante é que as espécies forrageiras de clima tropical, como do Brasil, produzem menos quando expostas à temperaturas menores que 16º C. Sendo assim, a queda das temperaturas observada durante o dia ao longo do outono no momento de transição resulta na redução do crescimento e em baixo desempenho produtivo da planta devido à sua dificuldade em realizar a fotossíntese nesse período.
3- Radiação solar
A produção das forrageiras se baseia na transformação da energia solar em compostos importantes para o seu desenvolvimento através da fotossíntese. Por isso, maiores períodos de radiação influem significativamente em uma maior taxa de alongamento das forrageiras e favorecem a produção de compostos que aumentam a digestibilidade. No entanto, no período de transição entre chuvas e seca, começamos a perceber menores taxas de incidência solar, com noites mais longas que os dias, o que resulta em um menor crescimento e produtividade de forragem por área.
4- Nutrientes
Como consequência dos fatores climáticos citados anteriormente, durante a transição verão – outono há o início da queda dos níveis de Proteína Bruta (PB), Energia (NDT) e Matéria Seca (MS) das pastagens de março até setembro, e aumento nos teores de fibra, tornando essa pastagem com qualidade pior e menos digestível ao animal.
Assim, ao manejar pastagens durante os períodos de transição, é fundamental considerar característica da forrageira, adotar práticas de manejo adequadas ao período, e avaliar quais nutrientes estão em déficit na pastagem para que possam ser suplementados para suprir a exigência dos animais para garantir ótimo desempenho.
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