Saiba quais são os melhores alimentos conservados para as vacas leiteiras durante a seca

07/02/2020
Minerthal

Para evitar a perda de produtividade na pecuária leiteira de animais no pasto durante o período seco, o uso de alimentos conservados se destaca como uma opção que garante aos animais acesso aos alimentos em quantidade e qualidade mínimas para seu desempenho.

 

E para escolher o tipo de alimento que pretende conservar é preciso levar em consideração os aspectos técnicos, nutricionais e econômicos da propriedade.

 

Leia mais: Período das secas: por que usar alimentos conservados na nutrição do rebanho a pasto?

Veja a seguir alguns alimentos conservados que podem ser utilizados na atividade leiteira:

 

  1. Silagem

A silagem é o produto proveniente da conservação de forragem úmida (planta inteira) ou de grãos de cereais com alta umidade (grão úmido) por meio da fermentação em ambiente sem a presença de oxigênio. A conservação da forragem ocorre devido à fermentação lática fazendo com que o pH do meio abaixe e impeça que as bactérias indesejáveis apodreçam a silagem, já que a ausência de oxigênio evita a proliferação de fungos e mofos.

 

A ensilagem nada mais é do que o resultado do corte da forragem, seu armazenamento no silo, compactação e vedação para o início do processo de fermentação pelas bactérias.

 

É bastante importante avaliar alguns aspectos diariamente, tais como: odor agradável, aspecto uniforme e consumo animal. Caso algum item esteja fora do comum, é ideal enviar uma amostra da silagem para o laboratório e verificar seu valor nutritivo, assim como a presença de contaminantes.

 

  • Silagem de Milho (Planta inteira)

A silagem de milho é realizada pela planta inteira do milho. Esta cultura é a mais utilizada para a produção de silagem, devido ao seu maior valor nutritivo em comparação a outras silagens, sendo encontrados geralmente valores entre 6 a 8% de PB e 65 a 75% de nutrientes digestíveis totais (NDT).

 

  • Silagem de Grão Úmido

A silagem de grão úmido é feita somente com os grãos da planta de milho, quando a umidade dos grãos estiver entre 30 e 40%. O período de colheita é por volta de 50-55 dias após o espigamento, quando é possível identificar uma camada preta na ponta do grão.

 

Após a colheita ocorrem à debulha das espigas e moagem do material. Esta etapa deve acontecer no mesmo dia para evitar perdas no processo e valor nutritivo. A compactação precisa ser eficiente para que remova o máximo de oxigênio e possibilite a fermentação. Em geral, a PB fica em torno de 10,5% e 85% de NDT.

 

  • Silagem de Grão Reidratado

A silagem de milho reidratado é um meio de armazenamento do grão na fazenda e pode elevar a digestibilidade do amido. Esta silagem é o resultado da colheita do milho maduro (12 a 13% de umidade), moagem e adição de água antes de realizar a ensilagem.

 

O ponto chave para o sucesso no processo é a homogeneização da água ao grão moído. E pode ser realizado com a adaptação de canos furados ao moinho, ou mistura da água ao grão já triturado em um vagão misturador ou adicionar água a uma rosca sem-fim depois da moagem. O objetivo é obter teor de umidade acima de 30% da matéria natural.

 

  • Snaplage

Também conhecida como silagem de espiga de milho, sendo na sua composição 75 a 80% de grãos, 10 a 15% de sabugo e 5 a 10% de palha. A colheita se dá pela adaptação de colheitadeira de silagem com a boca para grãos, na mesma época da colheita dos grãos úmidos (30-35% de umidade dos grãos). Esta silagem vem em alternativa à silagem de grão úmido e silagem de grão reidratado, esses três alimentos conservados são concentrados energéticos.

 

A diferença da snaplage com a silagem de grão úmido, reidratado e milho moído é o teor de fibra, em especial FDN, contribuindo para a melhoria do ambiente ruminal, ainda tem a vantagem de maior digestibilidade do amido e menor custo de produção.

 

  • Earlage

A earlage consiste na silagem da espiga do milho sem a palha, somente com os grãos e sabugos. Mecanicamente, precisa-se de duas operações agrícolas. Na primeira ocorre a colheita da espiga, despalha e transborda a espiga para o triturador, para então ser ensilado. Constitui-se em torno de 85 a 90% de grãos e 10 a 15% de sabugo. Essa qualidade de silagem ainda não é muito utilizada no Brasil, pela demanda por duas operações agrícolas.

 

Tabela 1 – Composição de silagem de grão úmido, earlage e snaplage

Milho grão úmidoEarlageSnaplage
Milho %10085-9075-80
Sabugo %010-1510-15
Palha do sabugo %005-10

  • Toplage

A toplage é a silagem feita pela colheita a partir da inserção da espiga principal, ou seja, colheita da espiga, folhas e colmo do topo da planta. Colheita do que há de melhor na planta, deixando para o solo um bom volume de massa com bons níveis de potássio melhorando a estrutura e a fertilidade do solo.

 

  • Stalklage

A stalklage é feita a partir da sobra da toplage, isso significa que a confecção de silagem é realizada da parte de baixo da planta. O objetivo é fornecer fibras aos animais e atender a demanda energética de animais com baixa exigência. É preciso ter atenção ao pensar em utilizar esta parte da planta, pois ocorre a extração dos nutrientes do solo, perda de matéria orgânica e compactação das áreas de silagem.

 

  • Silagem de Sorgo

A silagem de sorgo pode ser realizada na mesma época da silagem de planta inteira do milho ou, alternando a época de plantio, sendo o milho geralmente entre os meses de agosto a janeiro, e o sorgo final de janeiro e início de fevereiro.

 

Esta opção é possível pela maior resistência do sorgo à escassez hídrica, pela presença de serosidade foliar e sistema radicular mais profundo. Valor nutricional é de 85 a 90% do milho pela presença do tanino e menor digestibilidade do amido. Os teores médios são 6% de PB e 60% de NDT.

  • Silagem de Capim

As gramíneas possuem duas principais características que viabilizam o processo de ensilagem. A primeira são as culturas perenes, que possuem maior flexibilidade na época da colheita para iniciar a produção de silagem. A segunda são as que possuem ainda menor custo de t por MS e alta produtividade (média de 40 t MS/ha/ano), porém, deve ser visto com cautela pelo menor teor de NDT presente, cerca de 53-55% e 6 a 8% de PB na MS.

 

Para a época de colheita, que representa o momento de maior valor nutritivo e coincide com a umidade excessiva na forragem, favorecendo o crescimento de bactérias indesejáveis para fermentação. Neste caso, é possível realizar o pré-murchamento, para elevar a MS a 28% e 35%.

  1. Cana-de-açúcar

A utilização de cana-de-açúcar se destaca, principalmente, pela elevada produtividade (50 t MS/ha) e boa qualidade na época de escassez de chuvas. Explicando melhor: o pico da produção associado ao fato de que o melhor valor nutritivo coincide com o período seco do ano, e persiste a um longo espaço de tempo. Além disso, o custo de produção é baixo.

 

É preciso ter atenção quanto à utilização da cana-de-açúcar devido ao baixo teor de PB e da maioria dos minerais, principalmente fósforo e enxofre. Caso seja esta a opção, é indicador oferecer suplementação mineral proteica juntamente com a cana.

Atualmente os resultados de desempenho dos animais consumindo silagem de cana-de-açúcar são inferiores ao seu uso in natura, por problemas no processo fermentativo de ensilagem, colheita, armazenamento e no consumo animal. O uso de aditivos que inibem bactérias indesejáveis pode ser uma alternativa na melhora do processo e viabilidade no uso da silagem de cana-de-açúcar.

  1. Feno

A evolução na formulação das dietas para bovinos deu início ao fornecimento de amido degradável no rúmen proveniente das silagens citadas acima. Com isso, em certas situações, é necessário complementar a fonte de fibra para promover uma melhor mastigação dos animais, sendo a utilização do feno uma das alternativas.

 

A conservação do valor nutritivo da forragem realizada a partir da fenação se dá por meio da rápida desidratação, uma atividade que promove a paralisação da respiração das plantas e dos micro-organismos. O teor de umidade das forrageiras sai de 80% quando estão in natura para menos de 20% após a fenação.

 

A grande desvantagem na utilização do feno é o elevado custo de produção, por este motivo tem seu uso limitado em produção leiteira a pasto.

 

Tabela 2 – Composição bromatológica média de alimentos conservados para bovinos

MSPBFDNAmidoNDT
Earlage678,4185887
Snaplage637,7225882
Toplage479,032
Silagem de grão úmido/reidratado709,2105490
Milho moído889,495382
Silagem de milho356,0456069
Silagem de sorgo356,0446060
Silagem de capim286,07053
Feno876,08057

 

Após conhecer um pouco mais sobre os alimentos conservados, fica mais fácil optar por alguma alternativa de fornecimento de energia e fibra em momentos de escassez hídrica e/ou de grande desafio energético pelas vacas. É importante lembrar que o equilíbrio entre proteína e energia deve ser atendido nas dietas, sendo também indispensável o fornecimento de minerais aos animais.

 


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